sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A CHAGA DA VAIDADE


"Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade." (Mt: 3, 12)

Este versículo do Evangelho de Marcos é extremamente curioso. Jesus adverte os espíritos
que nele reconheciam o Filho de Deus que não o expusessem à publicidade.
Enquanto os homens discutiam em torno de sua procedência, questionando-lhe a
autenticidade dos méritos, segundo a terminologia evangélica, os próprios espíritos imundos
sabiam quem ele era.
A vinda do Cristo a Terra não foi ignorada pelos habitantes das esferas invisíveis, situadas
nas proximidades da Crosta !
Contudo, por que Jesus os repreende, ordenando que não o exponham à publicidade ?
Se tal ocorreu, é porque, de fato, eles poderiam fazê-lo, através dos canais da mediunidade.
Àquela época, de acordo com a cronologia das narrativas evangélicas, o Senhor já se fazia
acompanhar pela multidão, conforme se pode ler em Marcos, no capítulo acima citado,
versículo 9: "Então recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um
barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem".
A questão talvez seja que a publicidade é sempre perigosa, mormente para aqueles que
estejam no início de apostolado entre os homens.
Evidentemente, o Senhor se conservava imune ao incenso da bajulação, mas será que o
mesmo ocorre conosco, tão suscetíveis a quaisquer palavras de endeusamento ?
Valorosos obreiros do Evangelho têm se perdido pela idolatria de que são objeto, porque
quem aceita um elogio sem protestar, com sinceridade, contra ele, confessando a sua
desvalia pessoal, demonstra trazer, à flor da pele, a purulenta chaga da vaidade.

(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Busquemos o melhor

“Por que reparas o argueiro no olho de teu irmão?” (Mt: 7, 3.)

A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações.
Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstâncias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes do pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.
Aproveitemos o irmão de boa-vontade, na plantação do bem, olvidando as insignificâncias que lhe cercam a vida.
Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?
E se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olho do vizinho, tanto quanto a trave que nos obscurece o olhar, se desfarão espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio, através da incessante renovação.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A ESMOLA MAIOR


"Amados, amemo-nos uns aos outros, porque a caridade é de Deus”.
(I Jo: 4, 7)

  No estudo da caridade, não olvides a esmola maior que o dinheiro não consegue realizar.
  Ela é o próprio coração a derramar-se, irradiando o amor por sol envolvente da vida.
  No lar, ela surge no sacrifício silencioso da mulher que sabe exercer o perdão sem alarde para com as faltas do companheiro; na renúncia materno do coração que se oculta, aprendendo a morrer cada dia, para que a paz e a segurança imperem no santuário doméstico; no homem reto que desculpa as defecções da esposa enganada sem cobrar-lhe tributos de aflição; nos filhos laboriosos e afáveis que procuram retribuir em ternura incessante para com os pais sofredores as dívidas do berço que todo ouro da terra não conseguiria jamais resgatar.
  No ambiente profissional é o esquecimento espontâneo das ofensas entre os que dirigem e os que obedecem, tanto quanto o concurso desinteressado e fraterno dos companheiros que sabem sorrir nas horas graves ofertando cooperação e bondade para que o estímulo ao bem seja o clima de quantos lhes comungam a experiência.
  No campo social é a desistência da pergunta maliciosa; a abstenção dos pensamentos  indignos; o respeito sincero e constante; a frase amiga e generosa; e o gesto de compreensão que se exprime sem paga.
  Na via pública é a gentileza que ninguém pede; a simplicidade que não magoa; a saudação de simpatia ainda mesmo inarticulada e a colaboração imprevista que o necessitado espera de nós muita vez  sem coragem de endereçar-nos qualquer apelo.
  Acima de tudo, lembra-te da esmola maior de todas, da esmola santa que pacifica o ambiente em que o Senhor  situa, que nos honra os familiares e enriquece de bênçãos  o ânimo dos amigos, a esmola de nosso dever cumprido, porquanto, no dia em que todos nos consagrarmos ao fiel desempenho das próprias obrigações o anjo da caridade não precisará desfalecer de angústia nos cárceres das provações terrenas, de vez que a fraternidade estará reinando conosco na exaltação da perfeita alegria.

(Obra: Ceifa de Luz -  Chico Xavier / Emmanuel)