quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Opiniões Convencionais

“A multidão respondeu: Tens demônio; quem procura matar-te?”  (Jo: 7, 20)


Não te prendas excessivamente aos juízos da multidão. O convencionalismo e o hábito possuem sobre ela forças vigorosas.

Se toleras ofensas com amor, chama-te covarde.

Se perdoas com desinteresse, considera-te tolo.

Se sofres com paciência, nega-te valor.

Se espalhas o bem com abnegação, acusa-te de louco.

Se adquires características do amor sublime e santificante, julga-te doente.

Se desestimas os gozos vulgares, classifica-te de anormal.

Se te mostras piedoso, assevera que te envelheceste e cansaste antes do tempo.

Se adotas a simplicidade por norma, ironiza-te às ocultas.

Se respeitas a ordem e a hierarquia, qualifica-te de bajulador.

Se reverencias a Lei, aponta-te como medroso.

Se és prudente e digno, chama-te fanático e perturbado.

No entanto, essa mesma multidão, pela voz de seus maiorais, ensina o amor aos semelhantes, o culto da legalidade e a religião do dever. 14 Em seus círculos, porém, o excesso de palavras não permite, por enquanto, o reinado da compreensão.


É indispensável suportar-lhe a inconsciência para atendermos com proveito às nossas obrigações perante Deus.


Não te irrites, nem desanimes. O próprio Jesus foi alvo, sem razão de ser, dos sarcasmos da opinião pública.


Espírito: Emmanuel

Médium: Francisco Cândido Xavier

Livro: Caminho, Verdade e Vida (177)

Sempre Agora

“… eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.” (Segunda Epístola de Paulo aos  Coríntios, capítulo 6. versículo 2.)


Há também uma sinonímia para as estâncias da vida e oportunidades da alma.

Todas as circunstâncias significam ocasiões para o cultivo de valores do espírito, como sejam:

  • saúde — edificação;
  • moléstia — aprimoramento;
  •  juventude — preparo;
  • madureza — juízo;
  •  prosperidade — construção;
  • penúria — diligência;
  • êxito — serviço;
  • fracasso — experiência;
  • direção — exemplo;
  • subalternidade — cooperação;
  • regozijo — prudência;
  • tristeza — coragem;
  • liberdade — disciplina;
  • compromisso — fidelidade;
  • casamento — aprendizado;
  • celibato — abnegação;
  • trabalho — dever;
  • repouso — proveito.

As mais diversas situações do cotidiano expressam a vinda de momento adequado para que venhamos a realizar o melhor.

Não te ponhas, assim, a aguardar o futuro para atender à procura da verdade e à lavoura do bem.

O apóstolo Paulo, profundo conhecedor das necessidades humanas, indica acertadamente o tempo da elevação espiritual como sendo sempre agora.


Espírito: Emmanuel.

Médium: Francisco Cândido Xavier.

Livro: Palavras de Vida Eterna (Lição 150).

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Não basta ver

“E logo viu, e o foi seguindo, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.” -(Lucas, 18:43.)


A atitude do cego de Jericó representa padrão elevado a todo discípulo sincero do Evangelho.

O enfermo de boa-vontade procura primeiramente o Mestre, diante da multidão. Em seguida à cura, acompanha Jesus, glorificando a Deus.

 E todo o povo, observando o benefício, a gratidão e a fidelidade reunidos, volta-se para a confiança no Divino Poder.

A maioria dos necessitados, porém, assume posição muito diversa. 

Quase todos os doentes reclamam a atuação do Cristo, exigindo que a dádiva desça aos caprichos perniciosos que lhes são peculiares, sem qualquer esforço pela elevação de si mesmos à bênção do Mestre.

Raros procuram o Cristo à luz meridiana; e, de quantos lhe recebem os dons, raríssimos são os que lhe seguem os passos no mundo.

Daí procede a ausência da legítima glorificação a Deus e a cura incompleta da cegueira que os obscurecia, antes do primeiro contacto com a fé.

Em razão disso, a Terra está repleta dos que crêem e descrêem, estudam e não aprendem, esperam e desesperam, ensinam e não sabem, confiam e duvidam.

Aquele que recebe dádivas pode ser somente beneficiário.

O que, porém, recebe o favor e agradece-o, vendo a luz e seguindo-a, será redimido.

É óbvio que o mundo inteiro reclama visão com o Cristo, mas não basta ver simplesmente; os que se circunscrevem ao ato de enxergar podem ser bons narradores, excelentes estatísticos, entretanto, para ver e glorificar o Senhor é indispensável marchar nas pegadas do Cristo, escalando, com Ele, a montanha do trabalho e do testemunho.

Espírito: Emmanuel.
Médium: Francisco Cândido Xavier.
Livro: Vinha de Luz

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Mediunidade e Genética: O Que Dizem as Pesquisas Científicas?

A relação entre mediunidade e genética tem despertado o interesse de cientistas e estudiosos da espiritualidade há décadas. Embora a mediunidade seja historicamente vista como um fenômeno espiritual, algumas pesquisas recentes têm buscado investigar possíveis bases biológicas para essa capacidade, especialmente no campo da neurociência e da genética. Mas será que a mediunidade pode ser herdada? Há evidências científicas que sustentam essa ideia?

O Que é Mediunidade?

A mediunidade, segundo a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, é a capacidade de intermediar a comunicação entre o plano espiritual e o material. Ela se manifesta de diversas formas, como a psicografia, a psicofonia, a clarividência e a incorporação. Embora seja mais estudada dentro do Espiritismo, fenômenos semelhantes também são relatados em outras tradições religiosas e místicas.

Estudos Científicos sobre Mediunidade e Genética

Pesquisas sobre a mediunidade têm se concentrado principalmente na área da neurociência, buscando identificar padrões cerebrais associados a experiências mediúnicas. No entanto, algumas investigações tentam compreender se há um fator hereditário envolvido.

1. Estudos sobre Hereditariedade

Diversos médiuns relatam que outros membros da família também possuem faculdades mediúnicas, o que levanta a hipótese de que possa haver um componente genético. Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Núcleo de Pesquisa em Espiritualidade e Saúde (NUPES), analisou a atividade cerebral de médiuns em transe psicográfico e identificou padrões diferentes de funcionamento cerebral durante essas experiências. Embora o estudo não tenha investigado diretamente a genética, ele sugere que a mediunidade envolve processos neurológicos distintos.

Outros estudos analisam se determinadas famílias apresentam maior predisposição à mediunidade. No entanto, até o momento, não há um mapeamento genético conclusivo que demonstre uma correlação direta entre herança genética e mediunidade.

2. Genes Associados à Espiritualidade

Pesquisas sobre espiritualidade e genética identificaram genes que podem estar relacionados a experiências transcendentais. O gene VMAT2, apelidado de "gene de Deus" por alguns cientistas, tem sido estudado por seu possível papel na predisposição à espiritualidade e experiências místicas. No entanto, ele não pode ser considerado um gene da mediunidade, pois suas influências são muito mais amplas e envolvem percepções subjetivas de conexão espiritual.

Outro aspecto analisado é o papel da serotonina e da dopamina, neurotransmissores que regulam a percepção, emoções e estados alterados de consciência. Algumas pesquisas indicam que pessoas com habilidades mediúnicas podem ter padrões específicos nesses sistemas de neurotransmissão, mas ainda não há uma explicação definitiva.

3. Mediunidade e Epigenética

Uma abordagem interessante para compreender a mediunidade no contexto biológico é a epigenética, que estuda como fatores ambientais podem influenciar a expressão dos genes. Alguns estudiosos sugerem que experiências espirituais, práticas meditativas e até mesmo o ambiente familiar podem ativar ou desativar determinados genes ligados à sensibilidade e à percepção extra-sensorial.

O Que Diz a Doutrina Espírita?

No Espiritismo, a mediunidade é vista como uma faculdade inerente ao espírito, que pode ser desenvolvida ao longo das reencarnações. A hereditariedade genética pode, no máximo, influenciar condições físicas e psicológicas que facilitam ou dificultam sua manifestação, mas a mediunidade em si seria uma característica da alma, não do corpo físico.

Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns, explica que a mediunidade não depende de fatores materiais, embora algumas condições orgânicas possam torná-la mais ou menos ativa em determinado indivíduo. Dessa forma, mesmo que a ciência venha a encontrar correlações genéticas, o Espiritismo ainda sustentaria que sua origem é espiritual.

Conclusão

As pesquisas científicas sobre mediunidade e genética ainda estão em estágios iniciais. Embora haja indícios de que fatores biológicos possam estar associados à predisposição mediúnica, não há provas conclusivas de que a mediunidade seja determinada geneticamente. O estudo desse fenômeno continua a ser um desafio tanto para a ciência quanto para a espiritualidade, abrindo espaço para novas investigações e diálogos entre esses campos do conhecimento.

Para os espíritas, a mediunidade continua sendo uma faculdade do espírito, enquanto a ciência busca compreender os mecanismos cerebrais e biológicos que possam estar envolvidos. Seja qual for a origem, a mediunidade segue sendo uma ponte entre o material e o espiritual, desafiando nossa compreensão sobre os limites da existência humana.