"Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz..." (Lc: 17, 15)
Dos dez leprosos curados por Jesus, quando passava pelo meio da Samaria e da Galileia, apenas um voltou para agradecer, evidenciando que somente neste a cura acontecera de maneira completa.
Os outros nove foram superficialmente curados, posto que incapazes de reconhecer a intercessão da Divina Misericórdia. Em vez de voltar para agradecer, tudo indica que retornaram aos caminhos torturosos em que haviam se enfermado.
Somente no leproso agradecido a causa da doença se extinguira ou começara a se extinguir em definitivo.
O curioso é que, como na Parábola do Bom Samaritano, o leproso, que, voltando, se inclina, "com o rosto em terra aos pés de Jesus", é igualmente cidadão da Samaria, povo não benquisto pelos judeus.
Quantos não são os que, considerados por nós espiritualmente inferiores, assim que a oportunidade lhes surge se revelam portadores de compreensão muito superior à nossa?
Depreende-se que os nove leprosos que não se mostraram reconhecidos, pelo orgulho de se considerarem membros da raça "escolhida", consideraram que o Senhor, ao curá-los, não fizera em seu favor mais do que a própria obrigação...
A fé, não importando o rótulo religioso com o qual se apresenta, não atua em todos no mesmo nível de profundidade.
Quando não acontece no espírito, toda cura é ilusória. Portanto, mais que sanar feridas exteriores, carecemos de fazer cicatrizar chagas no mundo íntimo.
Caso contrário, a recidiva, com agravantes, de qualquer enfermidade que nos acometa e da qual sejamos transitoriamente aliviados é mera questão de tempo.
(Sáude Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira)
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