Com caráter epidêmico, o suicídio alcança índices
surpreendentes na estatística dos óbitos terrestres, havendo ultrapassado o
número daqueles que desencarnam vitimados pela AIDS.
A ciência, aliada à tecnologia, tem facultado incontáveis
benefícios à criatura humana, mas não conseguiu dar-lhe segurança emocional.
Em alguns casos, a comunicação virtual tem estimulado
pessoas portadoras de problemas psicológicos e psiquiátricos a fugirem pela
porta abissal do autocídio, como se isso solucionasse a dificuldade momentânea
que as aturde.
Por outro lado, sites danosos estimulam o terrível
comportamento, especialmente entre os jovens ainda imaturos, que não tiveram
oportunidade de experienciar a existência. De um lado, as promessas de
felicidade, confundidas com os gozos sensoriais, dão à vida um colorido que não
existe e propõem usufruir-se do prazer até a exaustão, como se a Terra fosse
uma ilha de fantasia.
Embalados pelos muito bem feitos estimulantes de fuga da
realidade, quando as pessoas dão-se conta da realidade, frustam-se e
amarguram-se, permitindo-se a instalação da revolta ou da depressão, tombando
no trágico desar.
Recentemente a Mídia apresentou uma nova técnica de
autodestruição, no denominado clube da baleia azul, no qual os candidatos devem
expor a vida em esportes radicais ou situações perigosíssimas, a fim de
demonstrarem força e valor, culminando no suicídio.
Se, por acaso, na experiência tormentosa há um momento de
lucidez e o indivíduo resolve parar é ameaçado pela quadrilha de ter a vida
exterminada ou algum membro da sua família pagará pela sua desistência.
O uso exagerado de drogas alucinógenas, a liberdade sexual
exaustiva e as desarrazoadas buscas do poder transitório conduzem à contínua
insatisfação e angústia, sendo fator preponderantes para a covarde conduta.
O suicídio é um filho espúrio do materialismo, por
demonstrar que o sentido da vida é o gozo e que, após, tudo retorna ao caos do
princípio.
É muito lamentável esse trágico fenômeno humano, tendo-se em
vista a grandeza da vida em si mesma, as oportunidades excelentes de
desenvolvimento do amor e da criação de um mundo cada vez melhor.
Ao observar-se, porém, a indiferença de muitos pais em
relação à prole, a ausência de educação condigna e os exemplos de edificação
humana, defronta-se, inevitavelmente, a deplorável situação em que estertora a
sociedade.
Todo exemplo deve ser feito para a preservação do
significado existencial, trabalhando-se contra a ilusão que domina a sociedade
e trabalhando-se pelo fortalecimento dos laços de família, pela solidariedade e
pela vivência do amor, que são antídotos eficazes ao cruel inimigo da vida – o
suicídio!
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 20 de
abril de 2017.
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