"Então disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias." (Mt: 17, 4)
Sobre o Tabor, contemplando o fenômeno da transfiguração de Jesus e a materialização simultânea de Moisés e Elias, Pedro dirige ao Senhor tentadora proposta...
Com outras palavras, propunha o Apóstolo que, ali fixando residência, permanecessem à distância das lutas das quais, por instantes, haviam se subtraído junto à multidão.
Todavia, sem responder diretamente a Simão, o Mestre desce da quietude do monte, como a dizer ao amigo que os que sofrem no vale das provações humanas não podem ser esquecidos.
E, logo que descem, já se deparam com pobre homem que, apresentando a Jesus o filho doente, lhe suplica, de joelhos: "Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e, outras muitas, na água."Se improdutivo, o êxtase da fé é inútil demonstração de espiritualidade.
Permutando o Tabor pelo Calvário, o Senhor nos ensinou que é outro o caminho da verdadeira transfiguração.
Se nos é lícito subir por instantes, comungando com os espíritos que já atingiram os Páramos Superiores, arregimentando forças para o trabalho que não deve ser interrompido, não podemos olvidar que, para estender as mãos aos que, em nós, esperam pelo socorro
do Alto, é indispensável descer.
O fenômeno mediúnico, por mais sublime e convincente, não objetiva apenas ser maravilha para os olhos de quem os presencia, mas, sobretudo, ser incentivo às mãos de quem sabe que o caminho de acesso ao Reino Divino não é o do Tabor.
(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A.Baccelli/Inácio Ferreira)
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