"Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus, e o prenderam." (Mt: 26, 50)
É claro que Jesus sabia qual era a intenção de Judas, que guiava até Ele grande turba armada com espadas e cacetes, a fim de prendê-lo.
A pergunta que Ele endereça a quem o traía, soa aos nossos ouvidos como um lamento pela sua atitude infeliz: "Amigo, para que vieste?".
É que o Mestre conhecia as consequências que semelhante ação haveria de acarretar, através dos séculos, para o companheiro que se deixara envolver pela trama das trevas.
O questionamento em torno da motivação de Judas, ao procurar por Ele no Getsêmani, é equivalente à fraterna e discreta repreensão do Divino Mestre, que pode ser colocada em outras palavras: - Por que não ficaste onde estavas?
Por que vieste a mim com tal finalidade? Por que não pensaste mais no que estás fazendo? Por que, em relação a ti, assim me frustras as esperanças?...
Com qual propósito nos movimentamos na direção de Jesus? - eis que nos é, igualmente, oportuno interrogar a consciência neste instante.
O que pretendemos com a nossa espontânea adesão ao Evangelho?
Não ignoremos que o nosso encontro com o Senhor, seja em qualquer circunstância, nos cumula de tremenda responsabilidade.
Não estaremos, acaso, embora inconscientes, movidos pela mesma intenção que moveu Judas? Quantos de nós, por ele considerados amigos, após receber
o divino ósculo na face, não lhe traímos a confiança?...
Se não for para perfilarmos com lealdade ao lado do Cristo, melhor que, em nossa indigência espiritual, fiquemos onde estamos, até que, movidos por real sentimento de amizade, possamos, por quem, sem reservas, nos oferece a vida e o coração, nos incluir no rol de seus verdadeiros amigos.
(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira)
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