Fácil é buscar os recursos da subida, embora muitos se desencantem ao primeiro contato com o pedregulho da montanha íngreme... É sempre doce planejar a ascensão e amealhar recursos para a acidentada viagem.
Promessas, abraços, carinhos são prazeres acessíveis a todos...
Entretanto, quão poucos se lembram de “descer para ajudar”! Quão raros os corações que aprendem a apagar temporariamente a colorida lanterna dos próprios sonhos, a fim de estenderem braços amigos aos que se debatem na
sombra do vale ou no lodo escuro do pântano!
Todos sabem que há ignorância, dor e miséria, onde as trevas se aninham, mas dificilmente alguém se recorda de acender alguma claridade para os que, ainda, de muito longe, lhe seguem os passos.
– Não posso! – dizem uns.
– É pecado! – clamam outros.
– Não devo – respondem muitos.
No entanto, Jesus desceu e amparou-nos; renunciou à sublimidade dos anjos e conviveu com os homens; obscureceu a própria refulgência divina e abraçou os pecadores e os transviados na senda terrestre.
Caridade! Caridade! Não estarás ao pé das chagas que agonizam, dos trapos que choram, dos gemidos que não têm voz? Não viverás pelos braços dos justos, amenizando os padecimentos dos que se projetaram no desfiladeiro da expiação ou no berço dos que renascem sob o temporal das lágrimas no abandono e na indigência?
É por isso que o Mestre, em nos buscando na Terra, fez-se o servidor de todos...
Se tens, pois, na realidade, um coração corajoso, saberás descer com Ele, ajudando e ensinando, levantando e servindo, à maneira do lírio puro que desabrocha no charco sem contaminar-se, convertendo o inferno das criaturas em paraíso do bem para a glorificação do Supremo Senhor.
(Obra: Cartas do Coração - Chico Xavier / Agar)
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