Quando o Grande Processado
Ouviu a condenação,
O povo esperava, aflito,
Os gestos de reação.
Não se dizia emissário
Da majestade de Deus?
Por que dobrar-se humilhado
À tricas de fariseus?
Não se afirmava o Senhor?
Não era o Divino Mestre?
Por que curvar-se à injústiça
No campo da dor terrestre?
Fala-se que Jesus
Era o Caminho, a Verdade,
A Vida Vitoriosa
No seio da Divindade...
Entretanto, pobre e humilde,
Em face da multidão,
Era Ele tido à conta
De feiticeiro e ladrão.
Vencido e dilacerado,
O sangue a empapar-lhe a fronte,
Contemplava, angustiado,
A fímbria azul do horizonte.
O povo, porém, não via
Nem milagres, nem sinais...
Onde o socorro divino
Das hostes celestiais?
Martírios e bofetadas,
E o Mestre não reagia,
Suportando a cruz pesada
Na túnica da ironia.
Que fazia o Condenado?
Por que não pedir dos céus
Incêndios, misérias, pragas,
Flagelações, escarcéus?
Onde os carros poderosos
De Jesus de Nazaré?
Onde a armas e soldados
Pela paz da nova fé?
O Justo, porém, na cruz,
Ouvindo perguntas mil,
Viu que a turba inda era frágil
Ignorante e infantil.
E o Mestre, fitando os Céus,
Deu a divina lição
Do amor que redime a vida
No silêncio e no perdão.
Espírito - Casimiro Cunha
Francisco Cândido Xavier
Livro - Coletânea do Além.
Página - 79 e 80
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