"...e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar: mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos." (Mc: 9, 22)
Curioso que, até para auxiliar-nos, Jesus necessita, primeiro, vencer a nossa incredulidade.
O trecho que estudamos neste capítulo é repleto de lições interessantes: o pai daquele menino lunático simboliza a Humanidade descrente...
"Se tu podes alguma coisa..." Quantas vezes, em prece, assim temos nos dirigido ao Senhor, como a desafiar-lhe a capacidade de intercessão! Não estaremos, ainda, a provocá-lo, no sentido de que aja em nosso benefício, não obstante a nossa falta de merecimento?
Em outras palavras, movido pelo desespero, o genitor daquela criança enferma lançou estranho repto ao Senhor: "- Se tu és quem dizem que és, dá-me provas e cura meu filho..." Antes, observando-se a ordem cronológica das narrativas do Evangelista, Jesus já havia curado a filha da mulher sírio-fenícia, o surdo e gago de Decápolis, o cego de Betsaida...
O homem, para crer em Deus, vive quase exigindo que Ele lhe forneça comprovação pessoal de Sua existência! Não valem prodígios concedidos a outrem, mas somente aqueles com os
quais venha a ser agraciado.
E se, inúmeras vezes, o Senhor tem atendido as nossas reivindicações, desconsiderando o nosso ceticismo e a postura espiritual inadequada de quem pede, é pelo grande amor que
nos devota e não pelas palavras de indignação que proferimos a esmo.
Não nos esqueçamos, todavia, de que foram outras as palavras pronunciadas com lágrimas pelo pai do garoto lunático que, naquele instante, impeliram Jesus a curá-lo: - " Eu creio,
ajuda-me na minha falta de fé!"
(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A.Bacceli/Inácio Ferreira)
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