segunda-feira, 6 de agosto de 2012

AO COMPANHEIRO DO CRISTO

Falarás com ternura a todos que te ostentam o látego da hostilidade.

Trazes dentro de ti o ímpeto da revolta e sentes o peito incendido na brasa da indignação. Mostras a fronte suarenta, cravada de espinhos da  incompreensão, e tuas lágrimas revelam-te o fogo de aflição que te consome  por dentro.

Colocaram-te sobre os ombros o símbolo do martírio na forma de obrigações inadiáveis e responsabilidades inúmeras.

Sofres, mas compreendes que é preciso sofrer na obra de renovação.

Notas tuas mãos trêmulas de angústia, mas a angústia de tuas mãos trêmulas não te impedirá de escrever a página de conforto e estender o socorro do  medicamento.

Sentes teus lábios crispados de amargura, mas a amargura de teus lábios crispados não te roubará a oportunidade de proferir a palavra de  entendimento e brandura.

Tens a impressão de que não suportas, mas suportarás.

Trêmulas, tuas mãos ainda assim abençoarão.

Crispados, teus lábios ainda assim falarão na caridade.

Serão muitos os que te não compreenderão a obra renovadora. Erguer-te-ão barreiras de ódio e ciúme, muralhas de inveja e desconfiança.

Desacreditar-te-ão perante outros, desdenhando tuas qualidades e ressaltando tuas limitações. Surgir-te-ão no caminho os ociosos e os negligentes, dispostos a colocar-te obstáculos pela omissão e, entre eles, muitos  chamar-te-ão sonhador e vissionário.

Entretanto, responderás a todos eles com o amor de JESUS.

Compreenderás sempre, sem que para isso te obrigues a endossar o erro e não desistirás nunca da sinceridade no bem, ainda que para preservá-la sejam-te necessárias mudanças e atitudes incisivas, arriscando-te a ficar só.

Sozinho ou não, pensarás nos que perambulam pelo mundo, aflitos e  desdenhados, cuja única esperança é a esperança que tiveres em tua própria  autenticidade. Pensarás nos desorientados e deprimidos, desajustados e rejeitados, esperando por ti, cuja única confiança é a confiança que tiveres em ti mesmo. Pensarás em todos eles com abnegação e carinho, a fim de que  também aprendam a pensar nos outros com carinho e abnegação.

E nas situações mais aflitivas, quando teu sofrimento te impulsionar a esmorecer e quando tua amargura te sufocar em soluços, pensarás ainda neles, sentido que o Cristo estará a teu lado e o Cristo, que te compreende as imperfeições e o esforço para superá-las, afagar-te-á a cabeça orvalhada de  suor no trabalho digno e, como outrora, novamente te convidará com doçura:

- Vem comigo; meu jugo é leve e suave.

(Eurípedes Barsanulfo - Página Psicografada por Antonio Baduy Filho, Ituiutaba - MG)

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