segunda-feira, 27 de novembro de 2017
PERDÃO
O julgamento precipitado pode vir a ser o "fracasso da compreensão", porque perdoar é, acima de tudo, a habilidade de compreender dificuldades.
O autoperdão consiste em fazer o nosso melhor hoje, abandonar as mágoas do passado e curar as dores do presente e, ao mesmo tempo, legitimar nossos projetos de vida para o futuro.
O passado passou e o único momento que temos é o agora. Basta utilizarmos o perdão e, imediatamente, começaremos a sentir conforto e alívio, pois descarregamos os pesados fardos de culpa, vergonha e perfeccionismo. Quando erramos, é necessário primeiramente admitir as nossas fraquezas e, em seguida, pedir aos outros que relevem nossas falhas. Somente a partir desse ponto, é que começamos a desfazer as técnicas defensivas e a facilitar a boa comunicação, evitando, assim, a morte do diálogo reconciliador.
O autoperdão é um estado da alma que emerge de nossa intimidade, fazendo-nos aceitar tudo que somos sem nenhum prejulgamento. É quando passamos a entender que nossos aparentes defeitos são, só e exclusivamente, potenciais a ser desenvolvidos. Por sinal, o julgamento precipitado pode vir a ser o "fracasso da compreensão", porque perdoar é, acima de tudo, a habilidade de compreender dificuldades. À medida que perdoamos nossos desacertos, começamos também a perdoar as faltas dos outros. Quanto mais compreendermos o outro, avaliando e validando o que ele pensava e como se sentia na hora da indelicadeza, mais facilmente aprenderemos a nos perdoar. O ato do não perdão a nós mesmos nos acarreta a permanência nas sensações desagradáveis e nas energias negativas - resquícios dos dissabores e desencontros da vida. Perdoar-nos leva ao cultivo do amor a nós mesmos e, por conseqüência, aos outros; enfim, é a base que mantém a humanidade íntegra e solidária. O autoperdão nos conduz à aceitação plena de nossas potencialidades ainda não desenvolvidas - seja de natureza intelectual, seja de natureza psíquica e emocional - e a uma compreensão maior de que as experiências evolutivas nada mais são que a soma de acertos e erros do passado e do presente.
Os erros acabam-se transformando em lições preciosas e deles podemos retirar as bases seguras para o êxito no futuro. "Deus não age jamais por capricho e tudo, no Universo, está regido por leis em que se revelam a sua sabedoria e a sua bondade." "A sabedoria e a bondade de Deus" se refletem constantemente nos atos e atitudes de Jesus de Nazaré. No episódio ocorrido na casa do fariseu Simão, uma prostituta atira-se aos pés do Mestre, cobrindo-os de beijos, lavando-os com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos e untando-os com um óleo perfumado. Ela é perdoada incondicionalmente: "(...) seus numerosos pecados lhe estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Mas aquele a quem pouco foi perdoado mostra pouco amor".
Deus estava com Jesus e Ele com o Pai; por isso amava, perdoava, estimulava e incentivava a todos sem qualquer distinção.
A Bondade e a Sabedoria Providencial está e sempre esteve nos amando e perdoando, não importa o grau da escala evolutiva em que estamos situados ou o que estejamos fazendo. O amor o da Misericordia Divina é incondicional - não depende de nenhum tipo de restrição ou limitação. Ama, simplesmente por amar. Uma introspecção a respeito desse amor incondicional que a Divindade tem para conosco é extremamente importante para o autoperdão. Se Deus nos ama e nos aceita como somos hoje, por que haveríamos de tomar uma atitude contrária à postura divina?
Entretanto, o autoperdão não significa paralisarmos nossas atividades evolutivas, acomodando-nos em nossas deficiências, fragilidades ou incapacidades, mas, sim, libertar-nos dos fardos pesados da autopunição que carregamos desnecessariamente.
O autoperdão nos traz paz de espírito, habilidade para amar e ser amados e possibilidades para dar e receber serenidade. Ele nos livra do cultivo de uma fixação neurótica em fatos do passado, o qual nos impede o crescimento no presente. Perdoar- nos elimina a idéia fixa no remorso por algo que aconteceu ontem e a ansiedade do que poderá ser revelado ou vir a acontecer amanhã.
(Hammed)
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