sexta-feira, 17 de novembro de 2017

SOLIDÃO APARENTE


Em meados de 1932, o “Centro Espírita Luiz Gonzaga” estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José Hermínio Perácio, D. Carmen Pena Perácio, José Xavier, D. Geni Pena Xavier  e o Chico.
Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto. Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte por impositivos da vida familiar. O grupo ficou limitado a três companheiros. D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos. José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento. Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a frequência ao grupo, pelo menos, por alguns meses. Vendo-se sozinho, o médium também quis ausentar-se. Mas, na primeira noite, em que se achou  a sós no Centro, sem saber como  agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse: — Você não pode afastar-se. Prossigamos em serviço. — Continuar como? Não temos frequentadores... — E nós? — disse o Espírito amigo. — Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de
esclarecimento e consolo. Abra a reunião na hora regulamentar, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho. Foi assim que, por muitos meses, de 1932  a 1934, o Chico  abria o  pequeno salão do  Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto. Em seguida, abria O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, ao acaso e lia essa ou
aquela instrução, comentando-a em voz alta. Por essa ocasião, a vidência nele alcançou maior
lucidez. Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura
de paz e refazimento. Escutava-lhes as perguntas e dava-lhes respostas sob a inspiração direta de Emmanuel. Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho... E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras .

(Do livro: Lindos casos de Chico Xavier)

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