"Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. "
(Marcos, cap 12 - v. 41)
Jesus não estava a observar o tamanho da doação que as pessoas se punham a lançar no esportulário.
Segundo o Evangelista, a sua atenção se prendia "ao modo" com que, independente de quantia, o dinheiro era ali depositado.
Vejamos que o Mestre se concentrava sobre a intenção que motivava o gesto e não sobre o gesto em si mesmo.
Foi aí que, aos seus divinos olhos, a oferta de anônima viúva, que oferecera, da sua pobreza, tudo quanto possuía, se destacou das demais.
O episódio nos leva, naturalmente, a indagar a respeito do modo com que, por nossa vez, temos praticado a caridade.
Não nos esqueçamos de que, para as Leis que nos espreitam os menores movimentos, o "como" é mais importante que o "quanto"...
Se o tamanho da dádiva material diz de nossas possibilidades extrínsecas, somente o modo com que dela nos desprendemos avalia a nossa capacidade de amar.
Será que a doação feita por aquela senhora promoveria alguma diferença à contabilidade do templo?
A não ser o Cristo, quem seria capaz de lhe reparar na discreta atitude de quem até se envergonha por mais não ter para doar?
Por vezes, quem mais auxilia não é aquele que preenche o cheque mais substancioso, como aquele que menos auxilia não é quem se apresenta com as mãos sempre desprovidas de recursos.
Duas únicas moedas foram bastantes para imortalizar, nas páginas do Evangelho, a importância do gesto daquela pobre viúva que, mesmo sem ter nome para ser lembrado, jamais será esquecida como exemplo a ser citado onde quer que a virtude da caridade seja evocada pela palavra de alguém.
(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A.Baccelli/Inácio Ferreira)
Nenhum comentário:
Postar um comentário