Mas, para quem busca uma vivência espiritual mais profunda, o riso não é apenas uma explosão de euforia. É também um campo de responsabilidade moral. A mesma energia que alivia pode, se mal direcionada, rebaixar o padrão íntimo, ferir consciências e sintonizar ambientes com faixas vibratórias menos elevadas. A questão não é “rir ou não rir”, e sim “de que estamos rindo — e com quem estamos sintonizando quando rimos?”.
O riso como bênção
Rir faz bem — e isso não é apenas figura de linguagem.
Alguns efeitos reconhecidos do riso equilibrado e espontâneo:
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Relaxa a musculatura e reduz a tensão.
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Estimula a liberação de endorfinas, favorecendo sensação de bem-estar.
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Contribui para a redução do estresse e da ansiedade.
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Favorece a convivência, aproxima pessoas e cria vínculos de confiança.
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Ajuda na ressignificação de dores e desafios, sem negá-los.
Estudos em psicologia e medicina psicossomática, assim como práticas como o “yoga do riso”, indicam que o riso saudável pode ser um aliado importante na promoção de saúde física e emocional.
Do ponto de vista espiritual (em chave cristã-espírita ou ecumênica), a alegria limpa é sinal de gratidão a Deus, confiança na vida e abertura para o bem. A criatura séria não é a criatura carrancuda; é aquela que sabe sorrir sem perder o respeito, brincar sem ferir, aliviar sem humilhar.
Quando o riso deixa de ser luz
O riso, porém, pode se tornar porta de baixa sintonia quando:
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zomba da dor alheia;
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ridiculariza pessoas por causa de sua deficiência, raça, crença, corpo, condição social ou história;
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transforma quedas morais em espetáculo;
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normaliza a vulgaridade, o deboche sistemático, a crueldade “engraçada”;
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alimenta ambientes espirituais densos, baseados em sarcasmo agressivo e humilhação.
Do ponto de vista da lei moral, esse riso não é neutro. Ele reforça padrões de pensamento que atraem influências espirituais compatíveis: irmãos ainda presos ao prazer de humilhar, ao desequilíbrio, à desordem moral. Não se trata de medo, mas de lucidez: toda vibração encontra companhia correspondente.
O “humor que derruba” costuma deixar um rastro: sensação de vazio, culpa, clima pesado depois da “brincadeira”, constrangimento de quem foi alvo. É o sinal de que já passou do ponto.
Alegria responsável: como rir sem perder a sintonia elevada
O desafio, especialmente em tempos de redes sociais, é cultivar um riso que cure, e não que contamine. Algumas chaves práticas:
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Critério no conteúdo
Ria, compartilhe, produza humor — mas pergunte-se:
“Se eu fosse o alvo dessa piada, como eu me sentiria?”
Se só é engraçado porque humilha alguém, não é bom humor, é violência travestida de graça. -
Respeito aos invisíveis
Piadas com pessoas com deficiência, minorias, vítimas de tragédia, pessoas em sofrimento psíquico ou espiritual não são “brincadeira”. São recusa de empatia. Cada vez que rimos disso, reforçamos um campo mental coletivo que banaliza a dor. -
Tom espiritual do ambiente
Em lares que buscam oração, estudo, Evangelho, centramento, o clima de alegria é bem-vindo — músicas saudáveis, conversas leves, lembranças boas, histórias edificantes. O exagero na malícia, na gritaria, na bebida associada à zombaria, abre brechas vibratórias que depois exigem esforço para recompor a harmonia. -
Humor como caridade
Há quem tenha o dom de fazer rir. Esse dom é sagrado. O comediante, o comunicador, o criador de conteúdo podem ser instrumentos de consolo, esperança e lucidez. Fazer alguém esquecer a dor por alguns minutos com uma boa gargalhada limpa é forma de amparo espiritual. -
Discernimento íntimo
Cada consciência sente quando “passou da linha”. Se depois da piada vem o incômodo, é convite à revisão. Rir do erro, perceber o excesso, pedir desculpas quando necessário, também é crescimento moral.
Rir com o coração em Deus
No horizonte cristão-espírita, o convite é simples: manter o sorriso como expressão do bem que já queremos viver.
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Rir com as pessoas, não das pessoas.
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Usar o humor para construir pontes, não para cavar fossos.
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Celebrar datas como o Dia do Riso lembrando que a verdadeira alegria fala a linguagem do respeito, da empatia e da responsabilidade espiritual.
O riso que nasce da gratidão, da amizade sincera, da convivência fraterna, harmoniza o ambiente, eleva o padrão vibratório e afasta naturalmente presenças espirituais que se alimentam do deboche, da discórdia e da maldade. É possível gargalhar e, ao mesmo tempo, manter o coração em boa sintonia — desde que a consciência permaneça acordada.
Que neste Dia do Riso e em todos os outros possamos escolher o tipo de alegria que deixaremos ecoar em nossa casa, no nosso trabalho, nas redes e, sobretudo, na nossa própria alma.
Referências sugeridas
Sobre o Dia do Riso e seus contextos
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Agência Brasil. História Hoje: no Dia do Riso, entenda como rir é bom para a saúde. (06/11/2023). Agência Brasil
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Portal C3. Dia Nacional do Riso. portalc3.net
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Wikipédia (pt). 6 de novembro – registro das datas comemorativas no Brasil, incluindo o Dia Nacional do Riso. Wikipédia
Sobre benefícios do riso
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MedAdvance. Você já ouviu falar na ‘ciência do riso’? Saiba como ela faz bem pra saúde. MedAdvance
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Publicações em psicologia positiva e psiconeuroimunologia (ex.: artigos acadêmicos sobre laughter therapy e bem-estar emocional).
Para aprofundamento moral-espiritual (sem citação literal longa)
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Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. IX – Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; cap. XVII – Sede perfeitos).
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Emmanuel (psicografia de Francisco Cândido Xavier) – obras como Fonte Viva e Pão Nosso, que abordam alegria cristã, vigilância mental e responsabilidade dos pensamentos.

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