"Pois ao que tem se lhe dará; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado."
(Mc: 4, 25)
Até determinado ponto da existência física, o homem, através do estudo e do trabalho, esforça-se para obter.
Está na construção da sua vida material, que lhe permite engajar-se no plano das convenções humanas.
De certa maneira, imbuído de tais preocupações, ele perde relativo contato com a sua origem espiritual...
Depois, porém, da referida fase, a situação se inverte, porque, querendo ou não, é chamado a gradativo exercício de desapego.
A ação inexorável do tempo haverá de compeli-lo a desapegar-se das coisas acumuladas inutilmente...
Muitos, inclusive, chegam a assistir à derrocada de verdadeiros impérios econômicos, que os herdeiros dissipam.
Todavia, por último, será constrangido a desapegar-se justamente do bem que ele mais procurou conservar: o corpo!
O espelho o convencerá, aos poucos, de que a "casa" que habita, imaginando-se eterno posseiro, está em ruínas...
Não mais a agilidade muscular e a prontidão intelectual de outrora.
Não mais os apelos da sensualidade que o organismo não se encontra apto a atender.
Então, da maneira que veio ao mundo ele haverá de partir, levando para onde retorna apenas e tão somente o somatório de tudo o que fez de si.
Porque não aceitam a realidade do crepúsculo da existência, muitos se deprimem e, em vão, se lamentam, pois, a cada dia, o abismo do túmulo, com as claridades da Vida Imperecível, se lhes escancara aos pés...
(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli / Inácio Ferreira)
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