quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Cançonetos- Tom Jobim e Vinícius de Moraes (espíritos)

NÃO FURTAR


Reunião pública de 27-1-61 (1ª Parte, cap. VI, item 14)


Diz a Lei: “não furtaras”.
Sim, não furtarás o dinheiro, nem a fazenda, nem a posse dos semelhantes.
Contudo, existem outros bens que desaparecem, subtraídos pelo assalto da agressividade invisível que passa, impune, diante dos tribunais articulados na Terra.
Há muitos amigos que restituem honestamente a moeda encontrada na rua, mas que não se pejam de roubar a esperança e o entusiasmo dos companheiros dedicados ao bem, traçando telas de amargura e desânimo, com as quais favorecem a vitória do mal.
Muitos respeitam a terra dos outros; entretanto não hesitam em dilapidar-lhes o patrimônio moral, assestando contra eles a maledicência e a calúnia.
Há criaturas que nunca arrebataram objetos devidos ao conforto do próximo; contudo, não vacilam em surripiar-lhes a confiança.
E há pessoas inúmeras que jamais invadiram a posse material de quem quer que seja; no entanto, destroem, sem piedade, a concórdia e a segurança do ambiente em que vivem, roubando o tempo e a alegria dos que trabalham.
“Não furtarás” – estatui o preceito divino.
É preciso, porém, não furtar nem os recursos do corpo, nem os bens da alma, pois que a conseqüência de todo furto é prevista na Lei.

(Chico Xavier / Emmanuel:
JUSTIÇA DIVINA - FEB.)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

A CHAGA DA VAIDADE

"Mas Jesus lhes advertia severamente que o não expusessem à publicidade." (Mc: 3, 12)

Este versículo do Evangelho de Marcos é extremamente curioso. Jesus adverte os espíritos que nele reconheciam o Filho de Deus que não o expusessem à publicidade.
Enquanto os homens discutiam em torno de sua procedência, questionando-lhe a autenticidade dos méritos, segundo a terminologia evangélica, os próprios espíritos imundos sabiam quem ele era.
A vinda do Cristo a Terra não foi ignorada pelos habitantes das esferas invisíveis, situadas nas proximidades da Crosta!
Contudo, por que Jesus os repreende, ordenando que não o exponham à publicidade?
Se tal ocorreu, é porque, de fato, eles poderiam fazê-lo, através dos canais da mediunidade.
Àquela época, de acordo com a cronologia das narrativas evangélicas, o Senhor já se fazia acompanhar pela multidão, conforme se pode ler em Marcos, no capítulo acima citado, versículo 9: "Então recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho, por causa da multidão, a fim de não o comprimirem".
A questão talvez seja que a publicidade é sempre perigosa, mormente para aqueles que estejam no início de apostolado entre os homens.
Evidentemente, o Senhor se conservava imune ao incenso da bajulação, mas será que o mesmo ocorre conosco, tão suscetíveis a quaisquer palavras de endeusamento?
Valorosos obreiros do Evangelho têm se perdido pela idolatria de que são objeto, porque quem aceita um elogio sem protestar, com sinceridade, contra ele, confessando a sua desvalia pessoal, demonstra trazer, à flor da pele, a purulenta chaga da vaidade.

(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira)

terça-feira, 5 de agosto de 2014

ALÉM DA MORTE


Todos os dias chegam corações atormentados, além da morte.
E apesar do horizonte aberto, jazem no chão, como pássaros mutilados.
Loucos, sob a hipnose da ilusão.
Suicidas, descrentes dos próprios méritos.
Criminosos, sentenciados no tribunal da própria consciência.
Malfeitores que furtaram de si mesmos.
Doentes que procuraram a enfermidade.
Infelizes a se imobilizarem nas trevas.

Alcançando a Grande Luz, assemelham-se a cegos da razão ante a sabedoria da natureza.
Por mais se lhes mostre a harmonia do Universo e por muito se lhes fale dos objetivos da vida, continuam desditosos e atormentados.
Há quem diga que os chamados mortos nada têm a ver com os chamados vivos, entretanto, como os chamados vivos, de hoje, serão os chamados mortos de amanhã com possibilidade de se perturbarem uns aos outros - caso perseverem na ignorância - cultivem na Doutrina Espírita o instituto mundial de esclarecimento da alma, a fim de que o pensamento regenerado consiga redimir as suas próprias criações que substancializam a experiência da Humanidade nas várias nações da Terra.

A mensagem é a semente de luz.
Ouçamos, assim, todos nós, encarnados e desencarnados, a palavra de amor e exortação que nos é trazida ao entendimento, assimilando-lhe os valores imperecíveis porque, em verdade, andam sempre avisados e felizes os que trazem consigo "os olhos de ver" e "os ouvidos de ouvir".

(Psicografada por Chico Xavier/Espírito André Luiz - em Uberaba, a 13 de janeiro de 1960)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O Rei da Palavra


Compositor: Dani Black
Intérprete: Leandro Léo



Quantas palavras lindas e gordas
Vão se derramar em vão
Sem que se saiba para o que servem
Ou para onde vão!
Para um brilhante colar de palavras
Que só faz pesar...
As vezes o rei da língua e da lábia
Tem que saber calar

Quantas palavras fortes e doídas
Vão se debruçar sobre alguém
Reabrindo velhas feridas
Que já cicatrizavam bem
Cheias de vãs certezas,
De tanta coesão...
As vezes até o rei da razão
Tem que saber calar!

Pra não sair ferido, esta é a condição.
Saber se mais ouvido é um dom.
"Não, eu não disse isto!"
Disse e não tem volta!
As vezes, até o rei da revolta
Tem que saber calar.

Quantas palavras fortes e doídas
Vão se debruçar sobre alguém
Reabrindo velhas feridas
Que já cicatrizavam bem!
Cheias de vãs certezas,
De tanta coesão...
As vezes até o rei da razão
Tem que saber calar!

Pra não sair ferido esta é a condição
Saber se mais ouvido é um dom
Não eu não disse isto
Disse e não tem volta!
As vezes até o rei da revolta
Tem que saber calar!

Um líder frente a revolução
Tem que saber que calar
Um Deus que assiste a evolução
Tem que saber calar
O verdadeiro rei da palavra
Valoriza o som.
Fala como quem já compreendeu
Que o silencio é bom.

Fonte: Vaga-Lume

O Santo Desiludido


Inclinara-se a palestra, no lar humilde de Cafarnaum, para os assuntos alusivos à devoção, quando o Mestre narrou com significativo tom de voz:

- Um venerado devoto retirouse, em definitivo, para uma gruta isolada, em plena floresta, a pretexto de servir a Deus. Ali vivia, entre orações e pensamentos
que julgava irrepreensíveis, e o povo, crendo tratar-se de um santo messias, passou a reverenciá-lo com intraduzível respeito. Se alguém pretendia efetuar qualquer negócio do mundo, dava-se pressa em buscar-lhe o parecer. Fascinado pela alheia consideração, o crente, estagnado na adoração sem trabalho, supunha dever situar toda gente em seu modo de ser, com a respeitável desculpa de conquistar o paraíso.

Se um homem ativo e de boa-fé lhe trazia à apreciação algum plano de serviço comercial, ponderava, escandalizado: “É um erro. Apague a sede de lucro que lhe
ferve nas veias. Isto é ambição criminosa. Venha orar e esquecer a cobiça”. Se esse ou aquele jovem lhe rogava opinião sobre o casamento, clamava, aflito: “É
disparate. A carne está submetendo o seu espírito. Isto é luxúria. Venha orar e consumir o pecado”. Quando um ou outro companheiro lhe implorava conselho
acerca de algum elevado encargo, na administração pública, exclamava, compungido: “É um desastre. Afaste-se da paixão pelo poder. Isto é vaidade e
orgulho. Venha orar e vencer os maus pensamentos”. Surgindo pessoa de bons propósitos, reclamando-lhe a opinião quanto a alguma festa de fraternidade em
projeto, objetava, irritadiço: “É uma calamidade. O júbilo do povo é desregramento.

Fuja à desordem. Venha orar subtraindo-se à tentação”. E assim, cada consulente, em vista da imensa autoridade que o santo desfrutava, se entristecia de maneira
irremediável e passava a partilhar-lhe os ócios na soledade, em absoluta paralisia da alma. O tempo, todavia, que todo transforma, trouxe ao preguiçoso adorador a morte do corpo físico. Todos os seguidores dele o julgaram arrebatado ao Céu e ele mesmo acreditou que, do sepulcro, seguiria direto ao paraíso. Com inexcedível assombro, porém, foi conduzido por forças das trevas a terrível purgatório de assassinos. Em pranto desesperado indagou, à vista de semelhante e inesperada aflição, dos motivos que lhe haviam sitiado o espírito em tão pavoroso e infernal torvelinho, sendo esclarecido que, se não fora homicida vulgar na Terra, era ali identificado como matador da coragem e da esperança em centenas de irmãos em humanidade.

Silenciou Jesus, mas João, muito admirado, considerou:

— Mestre, jamais poderia supor que a devoção excessiva conduzisse alguém a infortúnio tão grande!

O Cristo, porém, respondeu, imperturbável:

— Plantemos a crença e a confiança entre os homens, entendendo, entretanto, que cada criatura tem o caminho que lhe é próprio. A fé sem obras é uma
lâmpada apagada. Nunca nos esqueçamos de que o ato de desanimar os outros, nas santas aventuras do bem, é um dos maiores pecados diante do Poderoso e
Compassivo Senhor.

(Obra: Jesus No Lar - Chico Xavier/Neio Lúcio)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

PERSEGUIÇÃO

"Se me perseguirem a mim, também perseguirão a vós outros..." (Jo: 15, 20)

Jesus, em seu Divino Ministério entre os homens, padeceu perseguição de toda ordem. O Mestre começa sendo tentado no deserto pelas forças do mal e suporta, antes de expirar no lenho, o escárnio da incompreensão humana. Da manjedoura à cruz, sob o assédio de homens e espíritos, com o intuito de fazê-lo fracassar, foi chamado a constantes testemunhos. Por que haveria de não ser assim com os discípulos comuns do Evangelho? Quais são as nossas credenciais, para que nos isentemos das provas a que somos submetidos pelos que almejam nos fazer recuar? Ninguém realmente decidido a seguir o Senhor deve esperar por facilidades na tarefa de sua integração com Ele. Lutas acerbas sempre nos permearão os caminhos. É absoluta falta de senso esperar pelo reconhecimento de quem não nos pode entender o ideal e nem nos acompanhar na áspera subida da própria ascensão. Quem esteja, de fato, empenhado na renovação que lhe diz respeito, necessita se habituar à conspiração das trevas para fazê-lo desistir do sublime tentame. A ação dos algozes, visíveis e invisíveis, por vezes, é tão sutil e maquiavélica, que se, porventura, denunciada a alguém, a vítima levantará suspeita em torno de sua sanidade e equilíbrio. Ante a sanha dos instrumentos do mal, o melhor que temos a fazer é guardar silêncio e perseverar no cumprimento do dever, não concedendo atenção e tempo a quem nos persegue, com o claro propósito de nos comprometer o aproveitamento na atual experiência reencarnatória.

(Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A.Baccelli /Inácio Ferreira)