Se abraçaste a mediunidade, previne-te contra o orgulho como quem se acautela contra um parasito destruidor.
Agente sutil, assume formas diversas na constituição espiritual.
A principio, tem o caráter avassalante de uma infestação, como a sarna.
É a requisição pruriginosa do personalismo insensato.
As vítimas identificam apenas a si mesmas.
Não vêem o mérito dos outros.
Não reconhecem o direito dos outros.
Não observam a aspiração dos outros.
Não admitem a necessidade dos outros.
Fascinadas pelos adjetivos pomposos, caminham enceguecidas da razão, como alienados mentais.
A fase aguda, porém, cede lugar a profundo abatimento.
Sem qualquer recurso para receberem o remédio moral da ponderação e muito menos o ataque da crítica, os doentes dessa espécie caem na armadilha da dúvida ou na sombra da queixa.
Descrendo sistematicamente da utilidade daqueles que os cercam, acabam descrendo da utilidade que lhes é própria.
Dizem-se, então, perseguidos e desanimados.
Proclamam-se vacilantes e infelizes.
E fogem do serviço, como quem corre de perigo iminente, descansando, por fim, no museu das promessas frustradas.
No exercício mediúnico, aceitemos o ato de servir por lição das mais altas na escola do mundo.
E lembremo-nos de que assim como a vida possui trabalhadores para todos os misteres, há médiuns, na obra do bem, para a execução de tarefas de todos os feitios.
Nenhum existe maior que o outro.
Nenhum está livre do erro.
Todos, no entanto, guardam consigo a bendita possibilidade de auxiliar.
Esse tem a palavra que educa, aquele a mão que alivia e aquele outro a pena que consola.
Esse traz a oração que enleva, aquele transporta a mensagem que reanima e aquele outro mostra a força de restaurar.
Usa, pois, tuas faculdades medianímicas como empréstimo da Bondade Infinita, para que o orgulho te não assalte.
E recorda que Jesus, o Medianeiro Divino, em circunstância alguma requestou a admiração dos maiorais de seu tempo, e sim passou entre os homens, amparando e compreendendo, ajudando e servindo...
E se houve um dom de Deus em que se empenhou de preferência aos demais, foi aquele de praticar o culto vivo do Evangelho no coração do povo, visitando em pessoa os casebres da angústia e alimentando a turba faminta, ofertando amor puro aos enfermos sem-nome e estendendo esperança aos que viviam sem lar.
Emmanuel;
Psicografia: Francisco Cândido Xavier;
Do livro: Seara dos Médiuns.
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