quinta-feira, 17 de maio de 2018

SOLIDÃO APARENTE

*Em  1932, o "Centro Espírita Luiz Gonzaga" estava reduzido a um quadro de cinco pessoas, José  Perácio,  Carmen  Perácio, José Xavier,  Geni Xavier e o Chico.

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Os doentes e obsidiados surgiram sempre, mas, logo depois das primeiras melhoras, desapareciam como por encanto. Perácio e senhora, contudo, precisavam transferir-se para Belo Horizonte.

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O grupo ficou limitado a três companheiros. D. Geni, porém, a esposa de José Xavier, adoeceu e a casa passou a contar apenas com os dois irmãos.
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José, no entanto, era seleiro e, naquela ocasião, foi procurado por um credor que lhe vendia couros, credor esse que insistia em receber-lhe os serviços noturnos, numa oficina de arreios, em forma de pagamento.
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Por isso, apesar de sua boa vontade, necessitava interromper a freqüência ao grupo.*
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Vendo-se sozinho, o Médium também quis ausentar-se.
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Mas, na primeira noite, em que se achou a sós no centro, sem saber como agir, Emmanuel apareceu-lhe e disse: - Você não pode afastar-se.

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Prossigamos em serviço. - Continuar como?
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Não temos freqüentadores... - E nós? - disse o espírito amigo. - Nós também precisamos ouvir o Evangelho para reduzir nossos erros. E, além de nós, temos aqui numerosos desencarnados que precisam de esclarecimento e consolo.

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Abra a reunião na hora certa, estudemos juntos a lição do Senhor, e não encerre a sessão antes de duas horas de trabalho.

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Foi assim que, por muitos meses, de 1932 a 1934, o Chico abria o pequeno salão do Centro e fazia a prece de abertura, às oito da noite em ponto.
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Em seguida, abria o "Evangelho Segundo o Espiritismo", ao acaso e lia essa ou aquela instrução, comentando-a em voz alta.
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Via e ouvia dezenas de almas desencarnadas e sofredoras que iam até o grupo, à procura de paz e refazimento.

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Dava-lhes orientações sob a inspiração  de Emmanuel.
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Para os outros, no entanto, orava, conversava e gesticulava sozinho... E essas reuniões de um Médium a sós com os desencarnados, no Centro, de portas iluminadas e abertas, se repetiam todas as noites de segundas e sextas-feiras.


Do livro: Lindos Casos de Chico Xavier (Ramiro Gama)

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